João (IV)
(continuação)
- ‘vó...
Abanou a senhora, mas ela estava morta. Não havia nada que pudesse fazer. Correu para a sala e acordou violentamente a mãe, com algum esforço.
- O que é que queres? – vociferou.
João começou a chorar, baixinho, com lágrimas silenciosas a escorrerem-lhe pela face suja. Nunca percebera a razão de a mãe o tratar tão mal. O que é que poderia ter feito para que a mãe lhe tivesse tanto ódio? Sempre tentara fazer tudo para receber um gesto de carinho, para que, por uma única vez, sentisse que a mãe gostava de si. Mas não. Não se lembrava de alguma vez ter recebido um beijo de Maria. Quantas vezes se deitara na esperança vã de que a mãe fosse ao seu quarto, aconchegar-lhe o lençol, fazer uma festinha na cara e beijar-lhe a testa... Invariavelmente, acabava sempre por adormecer sozinho. Só muito mais tarde Maria chegaria, umas vezes acompanhada, outras sozinha, mas sempre bêbada.
- Então?! – gritou Maria de novo – É p’ra hoje?!
João falou finalmente.
- Desculpa acordar-te, mas é que a avó... eu acho que a avó... morreu.
(continua)
- ‘vó...
Abanou a senhora, mas ela estava morta. Não havia nada que pudesse fazer. Correu para a sala e acordou violentamente a mãe, com algum esforço.
- O que é que queres? – vociferou.
João começou a chorar, baixinho, com lágrimas silenciosas a escorrerem-lhe pela face suja. Nunca percebera a razão de a mãe o tratar tão mal. O que é que poderia ter feito para que a mãe lhe tivesse tanto ódio? Sempre tentara fazer tudo para receber um gesto de carinho, para que, por uma única vez, sentisse que a mãe gostava de si. Mas não. Não se lembrava de alguma vez ter recebido um beijo de Maria. Quantas vezes se deitara na esperança vã de que a mãe fosse ao seu quarto, aconchegar-lhe o lençol, fazer uma festinha na cara e beijar-lhe a testa... Invariavelmente, acabava sempre por adormecer sozinho. Só muito mais tarde Maria chegaria, umas vezes acompanhada, outras sozinha, mas sempre bêbada.
- Então?! – gritou Maria de novo – É p’ra hoje?!
João falou finalmente.
- Desculpa acordar-te, mas é que a avó... eu acho que a avó... morreu.
(continua)
1 Comments:
quero o V ! :)
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