Diálogo a três vozes (VI)
(continuação)
Estava frio e chuva. Uma chuva torrencial. O dia era já noite, e muito escura, não por ser muito tarde, mas por ser Inverno e os dias pequenos. A iluminação alaranjada da rua conferia-lhe uma estranha atmosfera. A torneira celestial estava aberta no máximo nesse dia! Uma lâmpada começou a tremeluzir e depois, subitamente, apagou-se. E depois a rua ficou mais escura. Tal como eu. Aquele carro animalesco a galopar selvaticamente pela estrada. Aquele animal a engoli-la, a devorá-la. A devorar-lhe a vida. A arrancá-la cruamente de mim. Não estava preparado. Quem é que está preparado para perder quem ama? E eu amava-a tanto!
Se ela estivesse comigo, a minha existência seria menos... solitária. Mas, quando penso, talvez tenha sido melhor assim. A imagem que guardo dela tem vinte anos de diferença para mim. Não a vi envelhecer, não a vi chegar ao estado de decadência em que estou. Mas continuo a precisar tanto da minha Maria! Qualquer dia, vou reencontrar-me com ela e voltar a ser feliz! E vai ser tão bom!
Bem, tenho estado para aqui a escrever sobre o meu passado e sobre a minha escrita, passe a redundância, mas, também, nem eu próprio sei bem como o fazer. A verdade é que, acredites ou não, há muitos anos que não escrevia nada deste género. Há demasiados anos. Mas tudo tem uma razão de ser e é minha intenção contar-te o porquê dessa minha atitude. Aliás, já fiz referência a isto no meu vergonhoso «parágrafo introdutório».
(continua)
Estava frio e chuva. Uma chuva torrencial. O dia era já noite, e muito escura, não por ser muito tarde, mas por ser Inverno e os dias pequenos. A iluminação alaranjada da rua conferia-lhe uma estranha atmosfera. A torneira celestial estava aberta no máximo nesse dia! Uma lâmpada começou a tremeluzir e depois, subitamente, apagou-se. E depois a rua ficou mais escura. Tal como eu. Aquele carro animalesco a galopar selvaticamente pela estrada. Aquele animal a engoli-la, a devorá-la. A devorar-lhe a vida. A arrancá-la cruamente de mim. Não estava preparado. Quem é que está preparado para perder quem ama? E eu amava-a tanto!
Se ela estivesse comigo, a minha existência seria menos... solitária. Mas, quando penso, talvez tenha sido melhor assim. A imagem que guardo dela tem vinte anos de diferença para mim. Não a vi envelhecer, não a vi chegar ao estado de decadência em que estou. Mas continuo a precisar tanto da minha Maria! Qualquer dia, vou reencontrar-me com ela e voltar a ser feliz! E vai ser tão bom!
Bem, tenho estado para aqui a escrever sobre o meu passado e sobre a minha escrita, passe a redundância, mas, também, nem eu próprio sei bem como o fazer. A verdade é que, acredites ou não, há muitos anos que não escrevia nada deste género. Há demasiados anos. Mas tudo tem uma razão de ser e é minha intenção contar-te o porquê dessa minha atitude. Aliás, já fiz referência a isto no meu vergonhoso «parágrafo introdutório».
(continua)
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